segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Balanço de 2011


A Agricultura, na quase totalidade dos países da União Europeia (à excepção de Portugal), encontra-se num dos seus momentos altos, sendo considerada um Sector em que vale a pena investir. O factor determinante desta mudança foi o aumento significativo, nos mercados mundiais, dos preços de produtos de primeira necessidade (a começar nos cereais) em consequência do enorme crescimento do consumo, da diminuição da produção (por razões climáticas) em alguns dos principais produtores mundiais, da redução de stocks a níveis alarmantes, da adopção de políticas agrícolas em que se subsidiava a não produção e do encaminhamento de uma parte dos produtos agrícolas para a indústria de biocombustíveis. Assim sendo, cada cêntimo gasto em prol automatismos e máquinas facilmente é espectável o seu retorno financeiro; no entanto em Portugal não podemos colocar as coisas nestes termos, pois a ausência de políticas agrícolas tem levado ao desaparecimento de explorações agrícolas mistas direccionadas para o mercado interno. Em Portugal resistem sobretudo explorações de auto subsistência em pequena escala e grandes explorações direccionadas para o mercado nórdico gourmet, existe também nos últimos anos uma forte aposta no método hidropônico sobretudo no que respeita a explorações de produção de alfaces, essas sim orientadas sobretudo para a presença (e bem) nas grandes superfícies do mercado interno..no entanto onde pretendo chegar é que a Quinta da Fonte Coberta é uma exploração agrícola mista de pequena dimensão com vários investimentos privados ao nível de alfaias e propriedades, qualquer cêntimo gasto a optimizar e a desenvolver o seu imobilizado será uma mais valia mesmo que todos os produtos sejam para consumo familiar e partilhas, pois isso representará um grande passo em busca da independência alimentar e não a continuação do gigantesco passo que os povos estão a dar rumo há dependência de alimentos subjugados aos mercados e seus intervenientes especulativos... perdoem-me estas afirmação mas cada vez é mais real este meu pensamento malthusiano, já agora é importante referir que apesar da ideologia afecta ao blog, o blog não se identifica nem é conivente com nenhum movimento político, muito pelo contrário. 

Há muitos anos que dedico tempo à agricultura e pecuária, aliás, o gosto por essas actividades já vem de várias gerações atrás, no entanto nunca (como agora) tinha colocado este gosto a meu favor e nos últimos anos até me afastei (por falta de tempo) destas actividades. À cerca de um ano decidi então dar (re) vigor a esta ideia,pois senti que era um desperdício enorme manter tudo ao abandono, então arregacei as mangas e dei um pontapé na comodidade e monotonia, iniciei em Janeiro a transformação dos sectores da Quinta e só em Julho decidi publicar este blog. Embora muito básico e ainda a dar os primeiros passos sei que o blog é útil a muita gente e é também muito útil para a exploração agro-pecuária ''Quinta da Fonte Coberta''.

Quando o iniciei estava sobretudo preocupado com o Souto de Castanheiros completamente abandonado e a gerar castanhas para javalis, ratos, cobras, coelhos, veados, etc, etc. E estava também preocupado com o tamanho das espécies invasores (nomeadamente a giesta) que estavam a destruir tudo e ainda a representar uma ameaça para as populações, devido aos incêndios.

No sentido de aliviar a dependência alimentar decidi então partir para o cultivo de alguns hortícolas nomeadamente do tomateiro, da alface e da cebola entre outros. Por muito pouco não atingi a sustentabilidade na alface, fico feliz no entanto, pois o factor determinante para não atingir os 100% sustentabilidade foi a partilha, ou seja, a doação de alfaces a amigos.

Em termos de receitas os sectores que geraram maior  rentabilidade foi o sector do pinhal e o aviário, pois apresentam transaccionáveis de maior valor, porém os sectores que mais evoluíram foram sobretudo as hortas e o pomar.


2012 será um ano com o maior trabalho de capinagem que alguma vez se realizou  em todos os sectores da Quinta, até porque é meu objectivo alcançar 50% de acessibilidade e gestão em todos os sectores. Aquele que representa maior resistência é sobretudo toda a área de castanheiros, na verdade é área só acessível a mão de obra braçal devido à inclinação do terreno.

No pomar, no olival, no pinhal, no souto a palavra de ordem será capinar. 


Vale a pena lembrar: 

in Observatório das desigualdades:

925 milhões de pessoas passam fome no mundoOs países em desenvolvimento concentram 98% das pessoas subnutridas. Em cada seis segundos, morre uma criança no planeta devido a problemas relacionados com a subnutrição. Existem 19 milhões de subnutridos nos países desenvolvidos. 

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que entre 2009 e 2010 o número de pessoas subnutridas a nível mundial diminuiu de 1.023 mil milhões para 925 milhões – a primeira descida num período de quinze anos. De acordo com a organização, este facto deveu-se à melhoria das condições económicas nos países em desenvolvimento e à diminuição dos preços dos alimentos face a 2008.
A Ásia e o Pacífico é a zona com um maior número de pessoas subnutridas, embora a África Sub-sahariana seja a mais afectada por este flagelo em termos relativos: 30% da sua população. Neste relatório preliminar, é referido que 2/3 da população mundial subnutrida concentra-se em sete países (Bangladesh, China, República Democrática do Congo, Etiópia, Índia, Indonésia e Paquistão), sendo que a China e a Índia agregam em conjunto 40% do número de pessoas que a nível mundial se encontram nesta situação.
Apesar da diminuição estimada de 98 milhões de pessoas subnutridas entre 2009 e 2010, 16% da população dos países em desenvolvimento era, neste último ano, afectado pelo problema da subnutrição. Este resultado indica que muito dificilmente se poderá cumprir a primeira das metas definidas nos Objectivos do Milénio: a diminuição para metade (de 20% para 10%) da população mundial subnutrida, entre 2000 e 2015.

Declarações de Jacques Diouf, director-geral da FAO, a propósito dos dados publicados neste relatório:
(…) Com quase mil milhões de pessoas subnutridas, a fome é e continua a ser inaceitável. O facto de uma criança morrer em cada seis segundos devido a problemas relacionados com a subnutrição é a maior tragédia e escândalo mundial.
(…) Para além de melhorar as redes de segurança e os programas de protecção social para assim se ajudar os mais vulneráveis e necessitados, a solução de longo prazo para a segurança no aprovisionamento de alimentos passa pelo investimento na agricultura nos países em desenvolvimento, para que eles possam produzir os alimentos necessários a uma população mundial estimada em 2050 superior a nove mil milhões de pessoas. Neste sentido, políticas estáveis e efectivas, mecanismos regulatórios e institucionais e infra-estruturas de mercado funcionais que promovam o investimento no sector agrícola são fundamentais” (tradução própria).


Fotografia de Munir Uz Zaman, publicada no site da FAO.


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